quarta-feira, 18 de maio de 2011

Talvez

Enquanto eu penso no quanto poderia viver, esqueço de pensar se querem viver comigo. E, por mais que eu tente disfarçar, todos sabem que não passo de um sonha dor. E em todos eles sinto a mesma falta que me faz oco ecoando tanto barulho. Porque além de nada ser sem amar, eu nada sou sem amor. E essa falta em mim que se faz em você vai te encher e você vai ficar tão cheia de vazio quanto eu e, talvez, assim nos sentiremos plenos e, talvez, assim seus vazios tão escondidos preencham os meus e talvez seremos tão leves que poderemos flutuar por aí. Então, talvez você segure a minha mão, talvez não.

domingo, 1 de maio de 2011

Eu queria amar, ela queria mais. E assim passamos todos os dias planejando nosso passado perfeito com as histórias de sonhos e lembranças de contos de fada que nunca aconteceram e eu sorria sem fazer esforço dessa força misteriosa tão clara que nos fez brilhantes. Mas eu queria amar, ela queria a mais. E a mais foi tudo que eu pude dar, e pra trás ficou tudo que eu quis passar mas que devia ter trancado em mim tão profundo que você procurasse pelas minhas entranhas e, com sorte, perdesse um pedaço por lá. E os pedaços que vou catando são difíceis de separar de todos os outros que esbarro por aí e, por aqui, eu já me perdi. Mas a lembrança do futuro presente mal querido me faz imaginar o instante em que eu queria amar e ela também.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

E você vai e volta e fica e espera. Espera passar o que nem foi e nem vai. Espera em pé quem nem saiu de casa. Deita pra ver quem não consegue falar.

E você liga liga liga tu tu tu tum tum e ninguém ouve suspiro e ninguém ouve tosse e ninguém ouve

silêncio.

Ahhhh, grita o som turvo e falho das minhas palavras. Urrr, fazem meus dedos sangrando azul. Riscam paredes, ruas, cidades. Pudera riscar o mundo e não escrever mais.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

A do

Salgado o vento de hoje cedo,
O bolo da minha mãe,
A água no meu rosto.

Pesado teu chapéu
que carrego nos braços.
Prezados seus traços
que não consigo mais acompanhar.
Pensado
o dia em que te vi e virei o rosto e depois te vi de novo e você sorriu.

Sonhados nossos sonhos,
Sambados nossos gritos,
Roubados: eu, você e quase todo o mundo como a gente conhece.

Passado
que espera o atrasado
sorriso do que há por vir
ou por ti.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Meu Avô

Meu avô,
que parecia com Drummond,
lia Machado
e tinha alma de Caio,
mas gostava mesmo era de inglês.
E de relógios.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Piano de Cauda

Baseado na música “Pianinho” - Esteban



“Eu vou tentar mais uma vez”, dizia o cantor no meu celular. Até quando dura essa persistência, essa esperança?

Não importa o tempo que passe, é sempre a mesma coisa: corações destroçados, mãos abandonadas, abraços solitários, planos arruinados.

Quantas vezes será preciso passar pelo “mais uma vez”? Não sou tão criativa assim. “Cadê? Cadê?” a voz não para de me perguntar. Digo que vi uma vez, e tentei explicar – não deu muito certo.

O cara no meu ouvido continua, perguntando “quem é você que não me vê? Cadê você que eu não vejo?”

Devia ter me lembrado que olhar pro Sol por muito tempo nos deixa cegos. Devia ter se lembrado que ninguém olha pro Sol a vida inteira. Aliás, preferimos dias nublados, ainda mais claros.

Então, quando a clare-cegueira passar, melhor olhar pro lado do que pra cima e torcer para que a claridade ajude a achar o caminho.

Enquanto isso, vou escondendo que “sozinho eu não sei aonde ir”

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011


Quando te abraço, uma força me impele a puxar o tanto de ar que eu puder. É como se, junto com ele, respirasse você até me encher e, assim, me sentisse completa.