domingo, 18 de outubro de 2015

Alegre

No calor paralisante
Do sul do que vem de cima
Sufoco eterno
Nostalgia presente do não vivido
Martelando na cabeça:
Volta.

Já não sonho mais com minha casa
Estou nela
E me faço menina
Através de suas entranhas.
Cercada por ruazinhas de paralelepípedo:
Solta.

Digo que não,
Jamais daria certo
Me apego a cada pedaço desse chão
Que se espelha sobre mim
E sorrio pela lembrança:
Fica.

Estou e não digo que vou
Mas nunca consegui voltar
E a cada gota de suor
Me encontro, me refaço
E desfaleço na voz que insiste em gritar:

Viva, sou seu lar.

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Reencarnação

Eu morri uma vez
E não percebi a morte
Vaguei pela cidade como se fosse corpo
Matéria
Assustei-me a cada outra alma
Encontrada pelo caminho
Todos tão mortos
Todos tão tortos
Peguei minha retidão de assombração
E falei como se fosse viva
E beijei como se fosse viva
E amei como se fosse viva
Mas a verdade é que
Eu morri uma vez
E me recuso a ressuscitar