quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Leonismo

Quero escrever sem parar. Botar as folhas na máquina e escrever sem parar. Quero fumar todos os meus cigarros, passando o cheiro para os meus cabelos, a parede, o livro. Quero meu livro com cheiro de cigarro. E a capa manchada de cerveja. Quero ser lida no bar; no quarto sujo; durante o sexo. Antes e depois. Quero marcar a pele e a alma, quero arder os olhos, sangrar as orelhas. Quero estar nas bocas de batom barato, nos solados gastos. Quero que minhas páginas enrolem baseados. Quero incomodar soprando nas orelhas: “está tudo bem, o mundo é assim mesmo”. Quero ser marco de razão, mártir de uma revolução. Quero ouvir pessoas correndo e gritando. Quero sair em uma matéria de jornal e ser usada por mendigos em noites frias. Quero estar em xícaras de café, diluída na fumaça das conversas. Quero ser citada em músicas de hardcore, enquanto as pessoas batem uma nas outras consentidamente. Quero assistir ao fim do mundo, escrevendo sem parar. Botando folhas na máquina e escrevendo sem parar. Fumando todos os meus cigarros e escrevendo sem parar.

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