domingo, 16 de janeiro de 2011

Piano de Cauda

Baseado na música “Pianinho” - Esteban



“Eu vou tentar mais uma vez”, dizia o cantor no meu celular. Até quando dura essa persistência, essa esperança?

Não importa o tempo que passe, é sempre a mesma coisa: corações destroçados, mãos abandonadas, abraços solitários, planos arruinados.

Quantas vezes será preciso passar pelo “mais uma vez”? Não sou tão criativa assim. “Cadê? Cadê?” a voz não para de me perguntar. Digo que vi uma vez, e tentei explicar – não deu muito certo.

O cara no meu ouvido continua, perguntando “quem é você que não me vê? Cadê você que eu não vejo?”

Devia ter me lembrado que olhar pro Sol por muito tempo nos deixa cegos. Devia ter se lembrado que ninguém olha pro Sol a vida inteira. Aliás, preferimos dias nublados, ainda mais claros.

Então, quando a clare-cegueira passar, melhor olhar pro lado do que pra cima e torcer para que a claridade ajude a achar o caminho.

Enquanto isso, vou escondendo que “sozinho eu não sei aonde ir”

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011


Quando te abraço, uma força me impele a puxar o tanto de ar que eu puder. É como se, junto com ele, respirasse você até me encher e, assim, me sentisse completa.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Copa do Mundo e Viagens

Conhecer sem querer, fingir não conhecer. A lua tramando e o Sol só rindo. Pernilongos fofoqueiros tentando ouvir o quê era dito. Lamentos por todos os lados, erros a serem reparados. Sem reparo. Se reparo...

Reparam. Quebro. Nunca contei que sim, eu agi com o coração. E fiz merda. Longas e repetidas vezes. Mas e se esse fosse o caminho? Foi. E o desvio também.

A viagem de volta passou do destino. Começou outra, com tantos ou mais acidentes. Aquela velha impressão de injustiça quando o carona se machuca por um erro do motorista. Mas, ainda assim, é uma carona, né?! Melhor não reclamar.

Reclamo. Reclama:

- Abre a janela pra entrar um ar.
- Odeio vento.
- Mas é melhor do que o sufoco que tá aqui.

Concordo.

Cabelos despenteados tampam a visão. Já não posso fechar o vidro, acendi um cigarro. E outro, e outro, e outro. Enquanto o maço não acaba, aguento. E depois? Fechar o vidro, com toda a pressão que se faz – dentro e fora – parece cada vez mais difícil. Com quatro mãos, talvez, mas pra isso, teremos que estacionar.

- Acho melhor procurar um acostamento, hein.
- Não sei se vai dar certo.
- Já não tá dando.
- Você ta chorando?
- Não, é o vento. Falei que odeio essa porra.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Choro Toda Noite Sem Saber Por Quê


E o choro
que vai,
sem saber de onde veio,
carregando
minhas certezas,
vontades e
sujeira.
Não adianta limpar o quê já é vazio.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

O Pudim

Minha avó faz o melhor pudim da cidade. Eu não gosto de pudim, entende? É como se, na minha vida, eu sempre tenha o quê não quero. Biblioteca de oportunidades e opções, nenhuma que me faça os olhos serem espelhos de poças. Alias, poças não, porque essas fazem parte. Dos olhos e dos pés. Espelhos de rio ao amanhecer, naquela hora em que, por descuido, os matinhos deixam-se pegar saindo do banho, antes de se secarem. Eles não têm isso, entende? Aham. Eles não

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Chuva de Verão


Chuva de verão
alagando os que estão
secos de saudade.

Peço um drink,
bebo triste.
Será que Deus existe?

Os outros,
nem sei,
devem estar fingindo.

Não tem como viver sorrindo
quando já nem se sabe onde está.

Me divido em quantas partes for preciso
e vou.
Ou será que vôo?

sábado, 23 de outubro de 2010

Realidade

Olhos fechados. Espero: sua boca, seu cheiro, seu cabelo no meu rosto, sua respiração no meu ouvido, sua mão na minha cintura, minha unha nas suas costas.

De olhos fechados, acontece tudo que se imagina – ou se imagina tudo que acontece?

Perto de você, toda vez que fecho os olhos, eu sonho. Mas, sonho mesmo, é abrí-los e você continuar aqui.