No ruído do ventilador é quando meu peito se faz mais meu.
Todas as possibilidades me esmagam e, no escuro, a falta me faz mais eu. Queria
ser Lúcia, Cristina e Margarida, mas por enquanto me contento em ser o quê sou.
Insuficiente e insegura, seguro nas mãos que não estão por perto. Vazio.
Recorro aos ensinamentos da psicologia, mas acabo ligando a
televisão. Com o quarto cheio de barulho mudo, minhas paranoias ocupam todos os
cantos,
Escrever pra melhorar, escrever pra me ocupar, escrever pra
acalmar, escrever.
Me ocupo, me encho até doer. Junto com mais uns verdes e
dourados que estão por aí, só pra ver a consistência. Amasso tudo e engulo na
esperança de que me façam vomitar paixões.
Chega pra lá, não me cabe mais aqui. Rasgo, sem medo.
Implodo no que há de mais belo. Encho, empurro paredes, quebro vidros. Tô viva.
Tô aqui. Sou eu. Só eu.